Monday, December 31, 2012

Às vezes tenho a impressão de que todas as dores são fingidas. Mas no final tudo tem um pouco de fingimento, não é? É o fingimento que deixa tudo bonito. A dramatização. Sem isso, dor é apenas dor.

Friday, December 21, 2012

Primeiro tem o estranhamento.
Às vezes a timidez também vem junto.
Mas o tempo leva tudo embora.
Ficam os sorrisos, as conversas e os abraços.

Até que os sorrisos vão perdendo o brilho,
as conversas ficam menos frequentes,
os abraços desnecessários.

Então alguém aparece.
Vem o estranhamento, a timidez...

Só que não é com você.
Você fica com a distância.
E quando ela se torna grande demais pra importar
Você fica com o nada,
Você fica sozinho.

Thursday, December 20, 2012

"Já imaginou que triste seria você perceber que sou apenas parte da sua imaginação?"

"Então você nunca poderia estar ao meu lado"

"É. Porque não existo"

"Mas você sempre estaria dentro de mim"

"Claro. Eu meio que sou você, então seria a única da qual você nunca poderia se livrar"

"Mas eu nunca iria querer me livrar de você, de qualquer maneira"

Thursday, October 11, 2012

Even though I'm full of sin In the end you'll let me in

2 de  março de 2004


Toc toc.

Já era a quinta batida. Ok, apenas ignore. Você consegue, Ali, apenas ignor---

Toc toc.

Talvez eu devesse abrir apenas pra mandá-lo ir embora e me deixar em paz. Não! Essa é exatamente a brecha que ele quer! Ele sabe que você vai fraquejar, você tem que se manter firme, Ali. Firme!

Toc toc. Oh, meu deus. Está chovendo? Toc toc. Toc toc. Toc toc.

Desisti. Peguei uma toalha limpa no armário e abri a fechadura da janela. Teddy abriu um sorriso de orelha a orelha cheio de dentes. Quando ele ria suas cicatrizes se comprimiam e pareciam rugas, era engraçado porque ele parecia um velho e uma criança ao mesmo tempo.

“Pode ir tirando esse sorriso do rosto, Theodore. Isso não significa que eu perdoei você” Joguei a toalha pra ele com a melhor expressão séria que eu tinha enquanto afastava um pouco pro lado para deixá-lo entrar “Você vai molhar meu quarto inteiro!” choraminguei baixo e ele me ignorou.

“Mas isso significa que você não me odeia tanto ao ponto de me deixar lá fora morrendo de pneumonia” O filho da puta enxugou os braços e balançou a cabeça fazendo com que os respingos de chuva molhassem a parte do quarto que ainda estava seca.

“Só porque estou pensando em uma morte mais lenta e dolorosa pra você”

 “Qual é, Ali. Você não percebe que eu te fiz um favor? Você pode ter levado um fora, mas pelo menos agora o Ed sabe que você existe”

Oh, Deus. Ele realmente acha que estava me fazendo um favor!

“Claro, Teddy. Como não pensei nisso antes? Sempre quis levar um fora num corredor lotado pelo cara mais babaca da escola e ainda virar a piada do ano e olha que o ano ta só começando!” Suspirei tentando me acalmar. Teddy tinha feito aquilo com as melhores das intenções, afinal. Talvez na cabeça dele fosse uma coisa boa parar o cara mais gostoso da escola – que era capitão do time de futebol – no meio de um corredor lotado e perguntar se ele não queria ficar com o seu amigo – um zé ninguém – que tem um paixãozinha por ele desde a sétima série, com a namorada do cara do lado. Seria engraçado se não fosse trágico. Mas vai saber como as coisas funcionam na cabeça do Teddy, ele nunca foi muito normal mesmo e aquela carinha de cachorrinho – que ele estava fazendo agora, por sinal – era irresistível.

Bem, não era um problema tão grande assim...

“Você está me perdoando mentalmente agora mesmo, não está?” Merda. Maldito sorrisinho vitorioso. Vou quebrar todos os dentes da sua cara seu loiro maldito e convencido!

“Vai se foder, Theodore” Eu não era muito bom em quebrar a cara de ninguém.

“Ha. Ha. Você já perdoou. Você sabe que não consegue viver sem o lindo do Te---”

“Cala a boca ou eu te jogo na chuva de novo. Vem, vamos jogar vídeo-game. Mas não senta na cama, minha mãe fica puta com cama molhada. E nunca, nunca mais, tente bancar o cupido comigo se não eu acabo de retalhar essa sua cara feia”

Claro que o Teddy se jogou em cima de mim, claro que ele só tem o dobro do meu tamanho e do meu peso, claro que caímos na cama e ele fez questão de molhar o máximo possível.

Ah, Teddy. O que eu faço com você?


Nota: Antigo, postando aqui só pra ficar salvo em algum lugar já que as chances deu acabar perdendo o texto são extremamente altas. E porque a Sara gostou do Teddy.

“Mas vocês nunca dariam certo, Hiroki. Eram perfeitos demais um pro outro. Parecidos demais. Duas pessoas assim nunca dariam certo juntas, havia na combinação de tamanha igualdade a compreensão da completa falta de sentido do mundo, vocês só iriam destruir tudo que conseguissem alcançar e iriam se sentir satisfeitos com isso”

(escrito em janeiro de 2012)

Let the water take us away

Innocent, they swim 
I tell them “no” 
They just dive right in 
But do they know?

Assim que a decisão foi tomada mais nenhum comentário foi feito, não havia o que falar. Eles apenas seguiram juntos para a piscina, a mesma que costumavam brincar na infância. Havia sido há tanto tempo, mas as memórias continuavam intactas, Arthur quase conseguiu visualizar duas crianças correndo por ali enquanto atiravam pistolas de água uma na outra e percebeu que mesmo naquela época, esbanjando inocência, já havia uma cumplicidade ímpar entre eles. A força que o unia ao irmão sempre fora um laço muito mais forte do que o de sangue, era como se suas almas já estivessem entrelaçadas desde antes do nascimento, antes de abrirem os olhos para o mundo frio e sedento que um dia tentaria engoli-los.

Mas mesmo contra esse mundo que não conhecia o amor, eles sabiam que nada poderia separá-los. Foi sem hesitação que seguiram de mãos dadas, olhares cúmplices e expressão serena, que assim como seus traços eram exatamente iguais. Não havia espaço para medo, eles vagavam dormentes entre a paz e a certeza de que aquele era o único jeito.

Eles sentaram na borda da piscina e colocaram os pés na água, sem sentir o frio, apenas a leveza e depois de uma troca de olhares mergulharam em sincronia, imergindo naquele mundo silencioso os libertaria.

Foi Arthur que pegou a algema, prendendo um lado em seu pulso, passando pela barra de ferro da escada, e prendendo o outro lado no pulso do irmão. Em seguida foi Oliver que fez o movimento, puxando-o para um beijo e selando seus destinos.

Não havia mais volta.

Mas nada os preocupava. Bastava encarar o sorriso tranqüilo e sentir toda a força do olhar um do outro para saber que aquela era a escolha certa.


Eles finalmente tinham vencido o mundo. Ficariam juntos, em paz, em algum lugar onde poderiam se entregar verdadeiramente àquela força misteriosa e ao desejo que durante anos fora reprimido.

No fim, eles haviam vencido.


And there's no air or sound
Down below the surface

Sunday, September 30, 2012

"Mas isso é só um canto, em um país, em um continente, em um planeta, que é só um canto da galáxia, que é o canto do universo que está sempre crescendo e diminuindo, criando e destruindo, e nunca fica igual, nem por um milésimo de segundo, porque é tudo tão rápido. E tem tanta, tanta coisa pra ver, Amy.

Eu não estou fugindo das coisas, estou correndo pra elas. Antes que elas queimem e desapareçam" Doctor Who 07x04

Friday, September 28, 2012

As you cry, I wanna lie 
Say I love you so, darlin' even though I dont
There's no easy way, to ease the pain

Monday, September 10, 2012

I'm just one of those ghosts

Ela está correndo. É o que sempre faz, vez após outra, porque foi isso que lhe foi ensinado. Correr, sem direção, sem arrependimentos. Com o coração quebrado nas mãos, tentando desesperadamente protegê-lo do mundo que ficou para trás. Mas ela não percebe que, durante a fuga, o vento vai levando os cacos e eles são deixados no meio do caminho.


Quando ela perceber não vai ter restado nada.

Friday, September 7, 2012

Trickster

Alguns diziam que Loki almejava o poder porque era ambicioso e que ser filho de Odin nunca seria o bastante para uma cobra venenosa como ele, outros diziam que o Deus da Trapaça invejava os verdadeiros Deuses. Muito embora essas teorias tivessem seu fundo verdadeiro esse não foi, a princípio, o motivo pelo qual Loki desejou o trono supremo de Asgard.

Na primeira vez, ele era apenas um garoto e achou que esse era o único jeito de ser aceito e tornar Asgard o seu lar. Ilusão que foi sendo destruída com o passar dos anos, quando percebeu que nunca o aceitariam. No fim, restou apenas o desejo de ser o Rei de Todos para silenciar as zombarias, o ódio e o desprezo que os Asgardianos nutriam por ele.

Loki nunca pediu pelo ódio, a verdade era que dizia suas mentiras e fazia suas trapaças por culpa deles. Foram eles que o intitularam o feiticeiro das trevas, o mal, aquele que destruiria Asgard. Ele apenas fez jus aos adjetivos. Até mesmo Odin o criara apenas pra moldar a bondade de Thor, o usara para uma paz forçada com os gigantes, roubando ele de sua verdadeira família e matando seu verdadeiro pai, moldando assim a própria personalidade sombria de Loki. Sua natureza auto destrutiva logo deu origem a uma personalidade caótica, instável e imprevisível, tornando-o quem ele realmente era.

Os Asgardianos nunca esqueceram a origem do príncipe dos gigantes, nunca esqueceram que Loki não era um deles e nem o deixaram esquecer. Ele sempre seria o intruso e todos em Asgard haviam sido bem sucedidos em tornar isso verdade.

Talvez fosse melhor assim. Ele não era um deles, porque era melhor. E no fim, seria o mais esperto, o mais astuto e veria todos eles se curvarem ao seu poder. Ele mesmo silenciaria o ódio e as zombarias. Com medo. Loki Laufeyson seria temido, seria o Rei de Todos e até mesmo o rei de Midgard. Rei daqueles que foram feito para serem governados. Rei dos Deuses. Rei de tudo.

alexitimia s.f.
(a- + grego léksis, -eos, acção de falar, palavra, dicção, frase + -timia)
[Psicopatologia]  Dificuldade em ou incapacidade de verbalizar ou descrever sentimentos ou emoções.

Wednesday, September 5, 2012

Bonds

Me sinto horrível quando acabo falando algo duro, depois que ela teve um dia difícil, e recebo aquela expressão magoada, que é tão sutil que você só tem como perceber pelos olhos. Tenho vontade de retirar o que quer que eu tenha dito, mas assim como "eu te amo", "me desculpe" é igualmente difícil de dizer. Então apenas fico lá, calada, esperando passar.

Queria que ela soubesse que a amo sem que eu precisasse falar.
Acho que ela sabe. Espero que ela saiba.

Thursday, August 16, 2012

"Eu esperava mais" professora de redação definindo minha vida.



É, professora, eu também esperava mais.

Saturday, August 4, 2012

And to all the people left behind

Sabe aqueles momentos quando a gente se pega pensando no passado e em todas aquelas milhares de pessoas com as quais costumávamos falar e guardamos um carinho todo especial? Quando penso nisso só o que consigo sentir é tristeza, porque na época elas pareciam tão importantes e agora dificilmente penso nelas. Elas ficaram lá, no passado que fica cada vez mais distante e borrado.

Já não consigo mais lembrar como me sentia. Consigo lembrar dos rostos, dos nomes, mas não de como se pareciam. Me sinto culpada por esquecer, deixar que elas fossem se tornando esses pedaços meio esquecidos de memória, mesmo que seja o tipo de coisa que eu não possa controlar.

Até estou me forçando a lembrar dos detalhes, tentando lembrar dos sorrisos e das conversas leves, das risadas e das madrugadas em claro jogando alguma coisa, mas o filme dentro da minha cabeça está arranhado.

Sinto vontade de chorar em lamento pelo que perdi, pelos bons momentos que não impediram o tempo de passar. Mas tudo o que resta agora é continuar andando (e até sou boa nisso, seguir em frente é tão fácil que só faz a vontade de voltar aumentar ainda mais).


Acho que sou uma dessas saudosistas que daqui a cinquenta anos vai se estar lembrando da adolescência e dizendo que foi a melhor fase da vida, mesmo que seja o contrário da verdade, mesmo que já não se lembre mais.

Thursday, August 2, 2012


Saturday, July 28, 2012

"Não tenho medo disso-- Não tenho medo de nada! É só que... Olha, eu sou feio. Sou estranho. E meu cérebro... acho que talvez seja, tipo, deformado ou algo ssim. Mas pra mim, beleza. Aceito isso. Não é problema meu que ninguém mais aceita"

Monday, July 23, 2012

I am Jack's broken heart
"Quando você se encontra em uma situação horrível, há somente duas reações que fazem sentido: rir ou chorar. E rir, afinal, é um anestésico natural. Lágrimas doem demais"

Thursday, June 21, 2012

"Por outro lado, você sempre se encantou com auto-sacrifícios. Por mais admirável que seja a atitude, sua disposição de dar a vida a terceiros talvez derive, em parte, do fato de que, quando teve a vida inteirinha no colo, você não soube o que fazer com ela. O auto-sacrifício era uma saída fácil" Precisamos Falar Sobre o Kevin, página 70.

Tuesday, May 8, 2012

expectativas

Exatamente três anos atrás - talvez quatro - o grande problema da minha vida era que eu esperava demais das pessoas. Agora, nesse exato momento, o grande problema é que eu não espero nada de ninguém.

And you see nothing but the red lights
You let your body burn like never before.

Quando o sol bate no seu cabelo parece que você inteira está pegando fogo, chamas descem pelas suas costas. E quando você abre um sorriso, branco e cheio de dentes, os olhos se entregam tanto quanto a sua boca. O calor que você emana é tão forte que me sinto queimar toda vez que os meus olhos encontram os seus.

Monday, May 7, 2012


Tuesday, May 1, 2012

Parasita

Quando você só consegue sentir através de pessoas que não existem fora das páginas que você tem nas mãos. E não se importa nem um pouco com isso. Porque o que eles sentem é suficiente. Você poderia viver uma vida toda através deles.

Tuesday, April 10, 2012

Marte

"Será que você é um alienígena?"

"Claro, Cecília. Sou de marte, nunca te falei?"

"To falando sério, Max! Vai saber, você não sabe nada do seu passado, você simplesmente aparece em um lugar e depois no outro e você não envelhece!"

"Essa é a definição que tem no dicionário sobre alienígenas? Ainda não tinha visto"

"Bem, o doctor é assim!"

"Agora você está me comparando a um personagem maluco de série de TV. E só pra constar, o Doctor tem uma nave que viaja o tempo e o espaço, ele não simplesmente se teletransporta pelo tempo"

"Ele viaja pelo tempo de qualquer maneira. E não envelhece!"

"Você tá meio obcecada nisso de não envelhecer, né"

"Bem, sou mais o seu estilo do que o do Edward Cullen, ele é imortal, mas brilha no sol"

"É. E não se esqueça do Lestat de Entrevista com o Vampiro"

"Estou tentando ter uma conversa séria com você aqui"

"Não está tendo muito sucesso nisso"

"Só porque você é um chato que não quer abrir a mente para as possibilidades"

"Possibilidades de ser um alienígena vampiro?"

"NAAH. Só alienígena mesmo"

"Bem, acho que devo ter perdido minha nave em algum lugar"

"Qual lugar bom para esconder uma nave?"

"Você está fazendo a pergunta errada. A gente primeiro tem que descobrir um ano bom para esconder uma nave"

"Ok, agora complicou. Parece que você foi esperto ao esconder a nave. Agora não vai poder voltar para o seu planeta"

"Não tem problema, sou mais você do que os marcianos"

I will never forget

      I.
Às vezes você para no velho café perto do centro e senta na última mesa da fila, onde consegue observar todos no lugar e mesmo assim passar despercebido. Dessa vez você escolheu o dia 15 de março de 2003. É uma manhã clara com poucas nuvens no céu, a imensidão azul se estende acima da cidade, o verde do pequeno parque do outro lado da rua parece combinar perfeitamente com o céu claro e o vento frio da manhã. Uma garota morena está sentada na mesa em frente a sua lendo um livro grosso de capa preta. A atendente simpática usa um avental azul escuro e tem o cabelo preso num rabo de cavalo. Um cara de camisa vermelha toma sorvete do outro lado da rua. Os carros estão passando em velocidade pela avenida.

Você olha o relógio.
07h23min.

Ela vai chegar exatamente às 07h32min. O sino da porta vai tocar anunciando sua chegada, como seria com qualquer outro, e como qualquer outro ela vai se dirigir ao balcão e pedir um chocolate quente com dose extra de açúcar (ela sempre teve essa mania de adoçar tudo demais). A atendente vai sorrir e passar o troco. E ela vai abrir o primeiro sorriso do dia. Quando ela sorri parece que se ilumina e o sorriso dela combina particularmente com o dia de hoje, claro e esperançoso. Ela está usando uma calça jeans meio surrada, uma bota estilo cowboy cor de areia que chega até um pouco abaixo do joelho, uma regata branca simples e você sabe que ela tem um casaco extra na bolsa, porque ela sente frio fácil. Ela sempre vai desse jeito pro trabalho: calça jeans, camiseta ou regata, botas ou tênis. O cabelo loiro ondulado ainda está comprido, caindo pelas costas e ela o amarra em um coque desajeitado logo que se senta à mesa. Ela sempre vai naquele café antes de ir trabalhar. Ela trabalha numa biblioteca e costuma dizer que é o melhor trabalho do mundo porque ela pode ler o dia inteiro e é sempre calmo e silencioso. Ela está lendo agora, por sinal, "O Retrato de Dorian Gray". Passa bom tempo concentrada no livro quase se esquecendo do chocolate quente em cima da mesa.

Você sabe que quando ela estiver saindo vai tropeçar nos próprios pés, mas antes de cair vai recobrar o equilíbrio, tudo isso sem deixar uma gota do que resta do chocolate cair. Ela é tão desastrada quanto boa em evitar a queda no último instante. Você também sabe que ela nunca consegue tomar o chocolate quente todo, “doce demais!” reclama em eterna contradição.

É, você sabe um monte de coisas. Mas se contenta em observar só de longe, tirando uma vez ou outra onde se atreve a sentar uma mesa mais perto ou segui-la pela rua, mas nunca perto o suficiente pra que ela perceba a sua presença. Ela ainda não te conhece. E você sabe que tem que parar de espioná-la quando vê uma duplicata sua do outro lado da rua quando sai do estabelecimento atrás dela.

Ou escolher outros dias. Você não sabe bem o porquê, mas sempre acaba vindo pra março de 2003. Isso foi mais ou menos dois anos antes de vocês se conhecerem. Antes de você mudar completamente a vida dela (e ela mudar a sua).

Só quando ela entra no prédio grande e imponente que é a biblioteca central que você decide que é hora de ir embora. Como fumaça você desaparece, deixando apenas o vazio em seu lugar.

Sunday, April 8, 2012

Não sei o que eu esperava - o que eu espero - da vida. Mas definitivamente não é isso.

Wednesday, March 21, 2012

O Signo dos Quatro

"Não posso viver sem trabalho mental. Haverá outra coisa pela qual valha a pena viver? Olhe para a janela. Já houve um mundo tão vazio, tão cinzento e deprimente? Veja como o nevoeiro rola pelas ruas, entremostrando as casas desbotadas.
Haverá algo mais irremediavelmente prosaico e material? De que me vale ter estas faculdades, doutor, quando não há onde exercê-las? O crime é banal, a existência é banal, e as outras qualidades que não sejam banais não têm qualquer função na face da Terra" Sherlock Holmes.

Friday, March 16, 2012

Day 3 — Your parents

Fiquei tentando lembrar a última vez em que escrevi uma carta pra ti. Foi há tanto, tanto tempo. Lembro que sempre fazia cartões de feliz aniversário, um desenho mal pintado de você e de mim, com flores, sol, nuvens e grama. Além das poucas frases na parte branca do papel.

"Eu te amo"
"Você é a melhor mãe do mundo"
"Feliz aniversário"
"Feliz dia das mães"


Sabe, você não é a melhor mãe do mundo. Acho que mesmo naquela época eu tinha noção de que algo assim nunca poderia existir. De que você não poderia simplesmente pegar todas as mães do mundo, comparar e eleger uma melhor. E ainda assim, você sempre foi a melhor pra mim. Mesmo com todos os teus defeitos e todas as nossas brigas. Você sempre vai ser a certa pra mim.

Porque você é a única que sempre vai estar comigo e que sempre vai precisar de mim (e eu sempre vou precisar de você). Mesmo que a gente se separe no futuro, que eu cresça, mude de cidade ou resolva começar uma familia. Você sempre vai ter um lugar ali.

Aliás, lembro de ti dizendo que uma das razões pra você tatuar o meu nome é que não existia isso de ex-filha, que gostando ou não, filhos eram eternos. Que nem todas as decepções do mundo iriam mudar isso. E dizendo que sou uma filha maravilhosa, me agradecendo como se eu fizesse muito esforço pra isso. Mesmo que eu não faça.

Não sou maravilhosa, nem uma boa filha, nem nada disso. Nem mesmo posso ser do jeito que você quer que eu seja. E eu realmente gostaria de ser. De verdade.

Mas no fim, é você que me aceita como eu sou. Sempre aceitou.

Confesso que demorei mais tempo pra te aceitar como pessoa. Porque mãe você sempre foi, mas quando realmente comecei a ver a pessoa além da mãe, não aceitei de primeira. Nós já brigamos tanto. Eu via todos os teus defeitos e pensava porque não podia ser diferente. Me perguntava porque você não podia ser mais responsável, menos mandona, menos super-protetora.

Hoje já não quero mais nada disso. Hoje acho que deveria é te dar os parabéns. Porque você se saiu muito bem como mãe. Mãe e pai, na verdade. Você fez o melhor que pode com o que tinha. E eu sei que você teria me dado até o Daniel Radcliffe embrulhado pra presente se pudesse, assim como você nem mesmo hesita em me deixar dormir com o seu travesseiro preferido. Ou sair de casa às nove da noite só porque eu estou com fome ou porque não tem mais coca.

Então mesmo que eu te odeie às vezes, saiba que o amor é sempre maior.

E que se eu ainda estou por aqui, é só por causa de você.

Thursday, March 15, 2012

"A música era um lamento, uma fuga ou terror dando voltas em si mesma em ritmos de dança hipnótica, sacudindo Nicki selvagemente de um lado para o outro. Seus cabelos desgrenhados brilhavam contra as luzes do palco. O suor de sangue brotava de sua pele. Eu podia sentir o cheiro de sangue.
Mas eu também me contorcia, encolhido no banco eu tremia de medo, tal como um dia aterrorizados mortais se encolheram de medo de mim naquela casa.
E eu sabia, sabia de uma maneira plena e simultânea, que o violino estava contando tudo que havia acontecido com Nicki. Era a escuridão que explodia, a escuridão que se dissolvia, e a beleza disso era como o brilho de carvão ardendo em chamas; luz suficiente apenas para mostrar quanta escuridão havia de fato" O Vampiro Lestat, página 224.

Happiness hit her like a bullet in the back

Happiness hit her like a train on a track
Coming towards her stuck still no turning back
She hid around corners and she hid under beds

13 de Setembro de 2005

Às vezes você acordava de manhã e sentia falta das correntes. Sentia falta do peso do mundo nas costas. Sentia falta de olhar para manhãs nubladas e sentir toda a melancolia da estação, de entrar em sintonia com ela. Você aos poucos ia se esquecendo de como se sentia antes. Esquecia-se do cansaço que era tão frequente, sentia falta do alivio de cada novo hematoma que surgia em sua pele. Sentia falta da deformação, dos sentimentos tortos e intensos que pareciam tão errados que você não era capaz nem mesmo de dizê-los em voz alta. Sentia falta do olhar tão gelado quanto o inverno, que te congelava de dentro pra fora. Que sabia tudo sobre você e não te julgava por isso.

Mas agora você era feliz.

Agora você era tão leve que podia até mesmo ser carregado pelo vento. Os dias eram quentes e tranquilos, havia um bom dia carinhoso e um beijo doce toda manhã.

E por algum motivo que fugia à razão você se sentia inquieto. Porque toda essa leveza e tranquilidade lhe eram estranhas. Sentia como se não estivesse mais no próprio corpo quando olhava no espelho e tudo que via era uma pele branquinha e algumas poucas e velhas cicatrizes, desaparecendo por culpa do tempo, esquecidas. Assim como ele.

Foi quando você percebeu qual era o verdadeiro problema.

A felicidade lhe parecia superficial demais, ela não tocava a alma. Você sabia que quando ela partisse não iria deixar nem mesmo marcas para serem lembradas e lamentadas.

Sentia falta da dor. Mas agora era ela pesada demais para o seu corpo leve como o ar, e você teria que aprender a conviver com sua ausência. Com esse vazio enorme que era a única coisa que te fazia voar.

Wednesday, March 14, 2012

The one I want tonight

You're my obsession
My fetish, my religion
My confusion, my confession
 

31 de Julho de 2002

Às vezes me pegava pensando sobre o verdadeiro motivo de ter continuado com Yuuji durante todos aqueles anos. Se eu procurasse por uma resposta lógica iria perceber que não havia uma. Tudo o que ele me dava se resumia a hematomas, cortes, arranhões e sexo. Não haviam beijos de despedida antes de sair pra faculdade ou pro trabalho, não havia conversas leves no café da manhã, nem carinhos no sofá, nem mesmo abraços. Não havia nada. Quando ele me queria ele me tinha e assim que se satisfazia parecia que eu não estava mais ali.

E mesmo assim não me iludi com relação a ele, porque nunca quis mais que aquilo. Estava satisfeito com o sexo, com os as manhãs silenciosas e com a ausência das conversas bobas e sem sentido.

Eu o conhecia desde que podia me lembrar e em todas as minhas memórias borradas de infância a única certeza que tinha era que ele sempre esteve ao meu lado, o calado e mal humorado Yuuji. Conhecia cada detalhe, cada gesto, cada fio de cabelo, cada expressão facial, tudo. Ele sempre foi parte da minha vida e nem conseguia imaginar como seria sem ele ali, me encarando em silêncio do outro lado da mesa, enquanto tomava chocolate quente - pois ele detestava café - naquela xícara azul anil, os cabelos presos em um rabo de cavalo baixo.

Era até engraçado pensar que todo o meu mundo se baseava nele, que sempre havia sido assim e que antes de conhecer Kai eu achava que sempre seria. Porque nunca quis amor (embora houvesse), nem beijos debaixo da chuva ou andar de mãos dadas na rua. Eu o queria exatamente como ele era e não precisava de nada além dele.

Tuesday, March 13, 2012

"Não, tenho que encarar a realidade, não tenho talento pra isso.
Consigo apreciar a arte e música, mas... é triste pra falar a verdade, porque sinto que tenho muito pra expressar, mas não tenho o dom" Cristina (Vicky Cristina Barcelona)

Wednesday, February 29, 2012

You can't see me like I see you

Tinha essa garota. Você sabe o nome dela, mas ele não importa muito, porque você só foi descobrir depois, então prefere a chamar de ela mesmo. E só tinha essa garota por causa do cabelo rosa. Não o rosa pink que se costuma ver em adolescentes, era um rosa clarinho, quase loiro, quase branco, que parecia desbotado, parecia que já tinha sido o rosa pink que se costuma ver em adolescentes, mas havia perdido a cor com o tempo. Não era o caso, mas parecia. Você nunca gostou de cabelos coloridos – em parte porque eles chamavam atenção e você detestava chamar atenção e em parte porque não achava que ficaria bem em você – mas ainda assim parou quando viu o dela. Era diferente, era bonito, era exatamente parecido com ela. Você ainda não sabia disso na primeira vez, mas já sentia. Sentia que era exatamente daquele jeito que devia ser.

O garçom soltou uma risadinha e você percebeu que estava encarando a garota por tempo demais, mas só conseguiu desviar o olhar para o seu chocolate quente quando ela saiu da loja.

Friday, February 17, 2012

Você reclama da dor, mas na verdade é você que não consegue deixá-la ir. Você não pode suportar que até mesmo isso te abandone. Então você a amarra tão, tão fundo que no final já não sabe mais o que é você e o que é ela.

Day 24 — The person that gave you your favorite memory

"A Yaki seria a primavera, porque ela tem o dom de colorir a minha vida. E a primavera é assim, contagia tudo com a sua beleza. Ela te passa alegria, consegue te fazer sorrir simplesmente por estar ali. Não é agressiva, mas tem uma força própria. Ela te faz pensar nas coisas simples da vida e faz com que você queira aproveitar cada uma delas. Te faz admirar até mesmo uma simples rosa desabrochando. É a estação que motiva"

Isso foi uma resposta do formspring de 21/03/11. E não poderia pensar em coisa melhor pra dizer mesmo agora.

Você foi a primeira amiga virtual que conheci pessoalmente, a primeira pessoa que vi quando cheguei em São Paulo e a pessoa que estava comigo no meu dia/memória preferida (aliás, ela só é a memória favorita porque você estava nela). Você realmente coloriu aquele dia de julho com a tua cor e a tua beleza.

Sabe, eu estava super nervosa em te conhecer pessoalmente porque morria de medo que você me achasse chata mas daí te conheci, conheci o Emano depois e a Kaa e foi tudo um amorzinho. E você é super fofa e nhomnhomnhom e japa e morri de vontade de te apertar, haha. Exatamente como eu imaginava que você seria.


Nem sei mais o que falar aqui, porque quando penso em você nem penso mais em palavras, penso em um arco-íris e milhões e milhões de coraçõezinhos coloridos. Penso em um sentimento bom. Você é um amor. E vou ser grata pelo resto da vida por você ter me dado minha melhor memória.


Com amor,
Miih

Sunday, January 29, 2012

I'm a fucking loser

"Já ficou imaginando se vivei acima das expectativas?"

"Fui melhor que elas. Imaginei ser uma socialite entediada aos 25"

"Achei que curaria a esquizofrenia aos 25. Sabe, quando eu era criança as pessoas diziam que eu poderia fazer qualquer coisa"

"Está com medo de ter decepcionado os outros?"

"Não, estou com medo de ter me decepcionado" (...) "É que às vezes... Às vezes tenho essa sensação de que talvez deveria ter feito mais na minha vida" (Criminal Minds 7x11)

Thursday, January 26, 2012

Kevin

Tuesday, January 10, 2012

Arriscar

Sempre relacionei essa palavra a coragem, uma qualidade que não tenho. Talvez seja por isso que nunca arrisco. Nunca. Admiro pessoas que conseguem, de verdade. Pessoas que vão lá e simplesmente fazem o que querem sem pensar muito. Não posso deixar de pensar que parte disso é burrice/estupidez, mas ainda assim é uma atitude admirável.

Não consigo ser tão espontânea, nem tão estúpida. Quando quero fazer alguma coisa relevante e com chances de dar errado, paro pra pensar em todas as merdas que podem acontecer se realmente der errado, se não sair exatamente do jeito que eu quero e - pessimismo à parte - normalmente é uma lista grande. Dai por inteligência - ou covardia - acabo ficando na minha. Sem arriscar. Andando apenas pelo terreno plano e seguro.

Descobrimos o motivo de eu nunca ter ido parar na grifinória.

#999999

Se você fosse uma cor seria cinza. Uma manhã cinzenta, chuvosa, um céu nublado. Um meio termo entre o preto e o branco. Cinza do pessimismo, apatia, melancolia. O cinza em todas suas tonalidades, o cinza escuro que anuncia uma tempestade, o cinza claro-quase-branco de um dia com neve, um cinza neutro, um cinza frio, um cinza morto.

Monday, January 9, 2012

Day 7 — Your Ex-boyfriend/girlfriend/love/crush

Na verdade, eu não queria falar de você, mas também não quero falar da outra pessoa que se encaixaria aqui. Então acho que não me sobra muita coisa.


Bem, nunca gostei de você no sentido romântico da coisa. Achava que gostava, achava mesmo, mas tinha me apaixonado por uma atitude sua, não pela pessoa, pelo que você fez por mim certa vez, talvez até sem nem perceber. Não demorei muito pra superar isso.

Te usava também pra não admitir que gostava mesmo da outra pessoa que se encaixaria aqui, porque eu não sabia lidar com o que sentia por ela e você era a desculpa perfeita para continuar negando qualquer coisa que fosse. Você tinha sido legal comigo uma vez, tão legal como ninguém mais foi, então eu podia estar apaixonada por você, não podia?


Mas nem tinha mesmo como durar, porque veja bem, você não é a melhor pessoa do mundo e tem várias coisas com as quais eu nem saberia lidar ou que me irritariam e... Sinceramente? Você é pretensioso demais.

Quero dizer, gosto de você como amigo, daqueles que a gente vê ocasionalmente por ai e com quem é legal ficar conversando por meia hora ou até um pouco mais, mas só. Foi tudo uma grande confusão, carência e covardia e você acabou perdido no meio.

Não que faça muita diferença porque nunca cheguei a te falar sobre isso.

Sunday, January 8, 2012

Like you

"Eu amo você" Ele tinha os olhos fixos nos meus quando soltou a frase sem nem sequer hesitar. Mesmo depois que ela morreu no silêncio ele continuou mantendo o contato visual, como se quisesse abrir um buraco em mim só com a intensidade do olhar. Apenas fiquei lá, imóvel, me perdendo na tonalidade única de azul que eram seus olhos, não aquele azul com pedacinhos verdes ou castanhos ou cinzas, mas um azul intenso, completamente uniforme. Em toda minha vida havia visto poucas pessoas com íris naquela tonalidade e, posso dizer com a mais absoluta certeza, nenhuma com a força daquele olhar. Ele era sempre assim, firme, forte, sem nunca hesitar. Lembro que no começo evitava olhar ele nos olhos porque sempre ficava com a impressão de que eles conseguiam ver o que tinha dentro de mim. Talvez eles realmente conseguissem. Talvez não.

Não sei dizer precisamente por quantos minutos ficamos em silêncio apenas nos olhando. Eu tentava achar uma resposta, mesmo sabendo que ele não me cobraria uma. Essa era uma das qualidades de Nick, ele era direto, ia lá e dizia exatamente tudo o que queria, sem enrolações ou meias palavras, jogava tudo em cima de você e esperava você digerir e se acostumar com a informação, sem nunca pressionar ou cobrar uma resposta.

"É engraçado, sabe. Sempre quis me sentir assim, e agora é como se eu não soubesse me sentir de outra forma" Ele me deu um sorriso meio doce meio triste, deve ter percebido a minha dificuldade em achar o que dizer. Foi só então que ele desviou os olhos para procurar o maço de cigarros e o isqueiro no bolso do casaco. Assim que ele o acendeu se debruçou no parapeito da sacada. O apartamento dele era uma cobertura numa das áreas mais ricas da cidade, os prédios lá eram tão altos que você não conseguiria ver o céu se estivesse em um andar mais baixo, mas daqui você conseguia ver tudo: os prédios vizinhos, as avenidas lá longe, o céu escuro e sem estrelas e até as pessoas andando apressadas lá embaixo - mesmo que elas não passassem de pontinhos minúsculos -, foi uma das razões para ele ter escolhido aquele apartamento em especial, gostava de ver o movimento e as luzes da cidade, isso sempre o fazia se sentir parte de algo. Eu nunca o entendi, mas não podia negar que era um bom lugar para se morar.

"O amor é como você esperava?" Finalmente falei. Não foi a melhor resposta, nem a que eu estava procurando, mas era a única que eu tinha. Andei até ficar ao lado dele e roubei seu cigarro, recebendo um olhar divertido em resposta. Quando traguei senti o gosto da menta no mesmo instante, o gosto dele.

"É meio parecido com você, sabe. E com alguns clichês que a gente vê em filmes, mas ainda assim, diria que é exatamente como você"

"Dói?" Era uma pergunta infantil e me arrependi dela no instante em que a pronunciei, no segundo que o Nicholas me deu o seu típico sorriso de quem tem um coração partido, exceto que dessa vez era verdade.

"‘Tá doendo agora, dói toda vez que olho pra você, mas isso não significa que eu não esteja gostando. E é diferente, sabe. Às vezes fico me perguntando se todas as vezes que eu estive tão desesperado procurando sentir alguma coisa, na verdade era isso, eu só queria sofrer por alguém além de mim"

"Somos dois masoquistas, você e eu, sabia?" Ele riu divertido, tirando o cigarro da minha boca e o jogando andares e andares abaixo antes de me beijar. Os lábios de Nick eram uma mistura de tabaco, menta e um tipo de doçura que era exclusivamente dele. De repente me dei conta de que a resposta que eu queria encontrar era “Eu também”

Monday, January 2, 2012

dois zero um um


Não sei se dois mil e onze foi um ano de acontecimentos fracos ou era eu que estava desligada demais pra me abalar com qualquer coisa que fosse. Não tive grandes decepções, mas tampouco momentos de alegria extrema. Tive momentos felizes, triste, nostálgicos e etc, mas foi apenas isso: momentos.  Não cheguei a ter aqueles períodos inconstantes que marcaram dois mil e dez. E se por um lado foi bom já que eu não tive muito estresse, por outro fez esse ano passar completamente despercebido.

A única experiência nova que tive foi a viagem para Vitória nas férias. O meu narcisismo (não sei que outra palavra usar, really) aumentou consideravelmente, a ponto de me fazer perder o interesse em 90% das pessoas ao meu redor, me fez ficar mais fechada, evitar sair do meu mundo particular. Evitei até mesmo sentir mais que o necessário e agora que paro pra pensar, acabei me afastando de muita gente, e nem isso conseguiu me deixar mal.

Dois mil e onze me deixou com vontade de viver esse ano novo, de me fazer sentir, mas também aumentou o meu medo e o meu pessimismo de forma absurda, me deixou conformada e carente e solitária e sem vida. E sinceramente, não sei o que fazer em dois mil e doze, não sei por onde começar, não sei o que esperar, não sei como lidar com minha própria indiferença e fazer com que ela vá embora.