Friday, July 22, 2011

Day 17 — Someone from your childhood

Eu te acho meio fútil, sabe. Essa é uma das coisas sobre você que só fui perceber atualmente. Aliás, eu te acho um monte de coisas, a maioria delas não deve ser muito agradável de ouvir. Você é uma daquelas pessoas que marcam mais pelos defeitos. Mas algumas características ruins não te fazem uma pessoa ruim. Nem chegam perto.


Outra coisa que eu percebi atualmente - só que dessa vez sobre mim - é que sempre tentei não te dar muita importância. Não por achar que você não era importante, porque disso eu nunca tive dúvida, mas para evitar decepções desnecessárias. Acho que aquela primeira vez foi o suficiente pra saber mais ou menos o que esperar de você. Você é desapegada e inconstante demais. É o tipo de pessoa que pode estar aqui hoje e ir embora amanhã.

Mesmo que você sempre ache um jeito de voltar. E sabe, isso foi a primeira coisa que realmente me cativou e me fez procurar te conhecer melhor. Em como você nunca conseguia se soltar realmente das pessoas, mesmo sendo tão desapegada. Quando você sentia falta, você simplesmente voltava e ficava tudo bem.

Você também tinha uma facilidade incrível pra transformar meus dias em momentos agradáveis. Sempre foi fácil conversar com você, mesmo hoje ainda é fácil conversar com você. E mesmo que eu tenha começado falando sobre os seus defeitos, quero deixar claro que tem milhares de coisas que eu gosto em você.

Confesso que o meu lado egoísta era o que mais gostava de você. Gostava quando conseguia te influenciar, gostava porque você constantemente fazia as minhas vontades, deixava eu fazer as coisas do meu jeito. Gostava porque era você quem pedia desculpas sempre que a gente brigava, mesmo quando era eu quem estava errada. E que as nossas brigas nunca duravam mais de um dia. Gostava porque você nunca me fazia falar de coisas que eu não queria falar e porque nós raramente falávamos sobre assuntos sérios.

Gostava porque era fácil. Era simples.


Mas nós crescemos, mudamos. E mesmo que você sempre vá ser a minha amiga-de-infância-que-mora-do-outro-lado-do-país já não sei se o eu de agora conseguiria voltar a ter uma amizade assim com o você de agora (nem sei se ainda te conheço bem). Hoje, todas as características ruins das quais eu falei lá em cima iriam muito provavelmente me incomodar.

Talvez seja por isso que eu não tentei uma reaproximação com você. E até me sinto culpada por isso. Como se tivesse deixando algo importante ir embora sem fazer nada pra impedir. Mas, sei lá, cada vez que penso em como a gente era antes tenho certeza de que não poderíamos voltar a ser daquele jeito de novo. Que o tempo passou. Acho que isso acontece com todos os amigos de infância né? Eles crescem e mudam e tomam rumos diferentes, mesmo que mantenham contato e se vejam ocasionalmente por ai.


(E sabe, realmente não sei se quero que você leia isso aqui algum dia. Acho que não.)