Sunday, May 10, 2015

Day 30 — Your reflection in the mirror

Eu poderia passar horas e horas falando sobre a sua aparência, mas sei que na verdade não é ela que me incomoda.

É todo o resto.

Quando eu olho pra você ― para nós ― tudo o que eu enxergo é fracasso. Pode parecer cruel dizer isso, mas, felizmente, eu sou a única pessoal que será completamente honesta com você, mesmo que isso doa como o inferno ― e eu sei que dói. E no final eu sou a única pessoa que nunca vai te abandonar porque, vamos ser sinceras, todo o restante do mundo sempre vai acabar te deixando, cedo ou tarde. Você não sabe lidar com as pessoas e você definitivamente não sabe manter as poucas amizades que possui, então o resultado é óbvio, não é? Todo mundo vai se cansar e procurar coisas melhores pra fazer.

E você já deveria ter se acostumado com isso ― na verdade, você já se acostumou e isso é pior ainda. Porque você já nem sequer espera, sabe? Você simplesmente desiste e se isola.

Então eu olho pra você ― e é bem mais fácil falar como se você fosse outra pessoa, não é? E não simplesmente eu. É mais fácil me distanciar e fingir que o problema não é comigo, como se houvesse uma única parte de mim que carrega todos os defeitos, isolada e desconectada do restante, e agir como se essa parte pudesse ser enterrada e esquecida em algum lugar obscuro quando na verdade não pode ―, eu olho pra você e tudo o que eu enxergo são todas as coisas que nós queríamos ser; tudo o que nós nunca seremos. Porque eu sei, é claro que eu sei. Eu sei porque é esse medo que vive constantemente dentro de mim, que sempre viveu, e eu sei porque a cada dia que passa ― a cada maldito dia que você continua não sendo nada de especial, não fazendo nada de especial ― esse medo só cresce.

O nosso tempo está acabando.

O nosso tempo está acabando e parece, às vezes, que o nosso mundo parou quando tínhamos quinze anos. Sempre os mesmos dramas, sempre os mesmos medos e sempre as mesmas inseguranças. Nós paramos no tempo, você e eu, e nós nunca aprendemos como se deve ser adulta ― nós nunca descobrimos qual era o próximo passo a seguir.

E você se lembra dos seus sonhos antigos? De crescer e finalmente poder deixar tudo isso para trás? De ser feliz? Até que um dia você descobriu que você nunca conseguiria ser feliz ― não como as outras pessoas pelo menos. Não como as pessoas normais.

E aqui estamos nós ― aqui está você ― com duas décadas desperdiçadas e nada que preste pra compartilhar, incerta sobre o próprio futuro e sem um pingo de vontade de viver.

E o que você faz? Nada.
Você nunca faz nada.

Porque você não tem força, você não tem determinação. Você apenas sabe ficar ai, lamentando todos os seus defeitos e agindo como se você fosse uma maldita vítima o tempo todo. Sentindo pena de si mesma a cada segundo que passa.

E é deprimente, é claro que é. E é triste porque parece que essa é a única coisa que você sabe fazer. Lamentar e desejar sumir. Vez após outra após outra, como um maldito disco quebrado. Sem nunca evoluir, sem nunca andar para frente.

Então você se olha nos espelho
Você detesta tudo o que vê.

Mas você sabe também que nunca conseguirá mudar.

No comments:

Post a Comment